"Eles iniciaram uma conversa. O que intrigava Tamina eram as suas perguntas. Não o conteúdo delas, mas o simples fato de ele as fazer. Meu Deus, havia tanto tempo que não lhe perguntavam nada! Tinha a impressão de que havia uma eternidade! Só seu marido lhe fazia perguntas sem cessar, porque o amor é uma interrogação contínua. É, não conheço definição melhor do amor.
(Meu amigo Hübl me diria que, nesse caso, ninguém nos ama mais do que a polícia. É verdade. Assim como todo alto tem seu simétrico baixo, o interesse do amor tem por negativa a curiosidade da polícia. Podemos às vezes confundir o baixo e o alto, e posso muito bem imaginar que pessoas que se sentem sós desejem ser conduzidas de vez em quando à delegacia para serem interrogadas e poderem falar de si mesmas.)"
Milan Kundera - O livro do riso e do esquecimento
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