"E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo. No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também."
Caio F. de Abreu
5 comentários:
Literatura contemporânea. Nada de melhor mergulhar no ser humano pelo que é. Durante séculos fugimos da realidade e a cada dia ela se estampa mais descaradamente perante nossos olhos. Eu abri os olhos e vi você, assim como a literatura dormiu entre sonhos românticos e estilísticos e acordou respirando a essência humana. E então senti amor, além de sentir memórias. Memórias que são visões, cheiros, gostos, sentimentos, palavras, gritos, choros, mordidas, etc. Só meu amor sabe o peso de cada lágrima sua, que são mais pesadas que muitas toneladas juntas, e tão salgadas e molhadas como o próprio mar que se estende distante de nós. Só meu amor vê você dormir com o rosto escostado no meu, respirando no meu pescoço um ar quente e abafado. Só meu amor entende a textura da sua pele e tira dela a magia que a compõe, pois na mão de outros seria simples pele, tecido humano, mas com a carícia dos meus dedos se torna o mais confortável refúgio para o qual quero mergulhar e nunca mais sair.
Martirizo-me tentando descobrir o que é amor ao passo que ele se escancara diante de mim, é uma realidade, com a qual felicito-me em descobrir dia a dia, sempre revelando o seu sorriso, Ana, por trás de todo esse jogo.
Eu amo você.
Concordo com você!
Não existe pudores entre os que se amam. Quem ama, sabe... e se existe pudor, não chamaria de amor.
CAMIN, agora tenho blog ^^ passa lá :D
Bjoon ;*
|cE
Vai vê q é por isso q meus pais vão ao banheiro de porta aberta... sempre achava nojento, mas estou começando a achar romântico
Com o perdão da expressão. du caralho!
ADOREI!
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