quinta-feira, 10 de julho de 2008

O que sinto por ele.

"E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo. No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também."


Caio F. de Abreu

5 comentários:

V.H. de A. Barbosa disse...

Literatura contemporânea. Nada de melhor mergulhar no ser humano pelo que é. Durante séculos fugimos da realidade e a cada dia ela se estampa mais descaradamente perante nossos olhos. Eu abri os olhos e vi você, assim como a literatura dormiu entre sonhos românticos e estilísticos e acordou respirando a essência humana. E então senti amor, além de sentir memórias. Memórias que são visões, cheiros, gostos, sentimentos, palavras, gritos, choros, mordidas, etc. Só meu amor sabe o peso de cada lágrima sua, que são mais pesadas que muitas toneladas juntas, e tão salgadas e molhadas como o próprio mar que se estende distante de nós. Só meu amor vê você dormir com o rosto escostado no meu, respirando no meu pescoço um ar quente e abafado. Só meu amor entende a textura da sua pele e tira dela a magia que a compõe, pois na mão de outros seria simples pele, tecido humano, mas com a carícia dos meus dedos se torna o mais confortável refúgio para o qual quero mergulhar e nunca mais sair.
Martirizo-me tentando descobrir o que é amor ao passo que ele se escancara diante de mim, é uma realidade, com a qual felicito-me em descobrir dia a dia, sempre revelando o seu sorriso, Ana, por trás de todo esse jogo.

Eu amo você.

Anônimo disse...

Concordo com você!

Renan V. disse...

Não existe pudores entre os que se amam. Quem ama, sabe... e se existe pudor, não chamaria de amor.
CAMIN, agora tenho blog ^^ passa lá :D
Bjoon ;*
|cE

Jú Carvalho disse...

Vai vê q é por isso q meus pais vão ao banheiro de porta aberta... sempre achava nojento, mas estou começando a achar romântico

Com o perdão da expressão. du caralho!

ADOREI!

Jú Carvalho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.