domingo, 30 de setembro de 2007

Direto do subsolo...

"Em casa, o que mais fazia era ler. Tinha vontade de abafar com impressões exteriores tudo o que fervilhava incessantemente. E, quanto a impressões exteriores, só me era possível recorrer à leitura. Naturalmente, ela me ajudava muito: perturbava-me, deliciava-me, torturava. Mas, por vezes, tornava-se terrivelmente enfadonha. Apesar de tudo, tinha vontade de me movimentar, e me afundava de súbito numa escura, subterrânea e repelente... não digo devassidão, mas devassidãozinha. Tinha paixõezinhas agudas, ardentes, em virtude de minha contínua e doentia irritabilidade. Vinham-me impulsos histéricos, com lágrimas e convulsões. Além da leitura, não tinha para onde me voltar, isto é, não havia nada no meu ambiente que eu pudesse respeitar e que me atraísse."
Fiódor Dostoiévski


Seria apenas uma fase, problema de pessoas de mente vazia e ociosa? Ou é algo próprio da personalidade que só pode ser abafado com problemas 'reais' do cotidiano?
Fica a dúvida... Até a próxima fase ociosa, subterrâneo!




~ Ouvindo: Queens of the Stone Age - You Think I Ain't Worth a Dollar, But I Feel Like a Millionaire


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